Madrugada adentro, apertava rapidamente cada uma das teclas. Vez ou outra, uma pausa, um gole da xícara de chocolate quente ao lado, que lhe aquecia a alma e lhe dava coragem, e um momento para pensar nas palavras certas: amor, tristeza, saudade, fim. Frases que ela sabia não conseguir proferir em voz alta; se estivesse em frente a ele, toda a obstinação, a força de vontade, sumiriam, como sempre acontecia. Escrevia palavras gritadas, suspiros de insatisfação, incômodos: tudo aquilo que ela queria que ele soubesse. Transcrevia seus sentimentos para a tela do computador; a única maneira que achara para diminuir a dor. Terminou com um adeus e um dito de que não mais iria atrás dele, não mais se deixaria levar por falsas promessas, não mais queria sofrer. A mão sobre o mouse, bastava um só clique. Quanta força de vontade isto demandaria dela? Leu tudo de novo, pensou tudo de novo, lembrou tudo de novo: os beijos, os carinhos, os risos. Moveu o cursor e clicou em cancelar. Resolveu deixar a pouca coragem que lhe restava para o cara a cara. Não que isso fosse ajudá-la a dormir essa noite, de qualquer modo.
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